Desde exames para medir o risco de surgimento de alguma doença no futuro até tratamentos voltados para mutações no DNA por trás do câncer, a genética está cada vez mais presente na medicina atualmente – mas os principais avanços são representados, principalmente, por amostras de códigos genéticos de fora do país.
Foi nesse cenário que, em 2019, a Dasa lançou o projeto DNA do Brasil, em que especialistas analisam o genoma de milhares de brasileiros, entendendo melhor seu passado genético para enfrentar doenças com mais eficácia.
A iniciativa tem as parcerias da Universidade de São Paulo, sob a coordenação de Lygia da Veiga Pereira, chefe do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da universidade; além do Google, responsável pela tecnologia de armazenamento de dados em nuvem.
Importância do projeto para o Brasil
Até o início do projeto, todos os tratamentos genéticos do mundo eram baseados no genoma europeu. De todos os genomas completos avaliados pela ciência até 2019, 78,39% tinham ancestralidade predominantemente europeia. Apenas 1,13% eram de origem hispânica ou da América Latina e 2,03% da África.
A população brasileira tem, em sua maioria, decência de indígenas, portugueses e africanos. Essas características, miscigenadas, apresentam variações do povo brasileiro que podem predispor doenças. Descobrir as particularidades do DNA nacional pode ajudar na prevenção, no tratamento e no diagnóstico de diferentes condições de saúde.
Como funciona a iniciativa
O projeto aproveita a maior pesquisa epidemiológica já realizada no país, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa Brasil), que desde 2008 acompanha cerca de 15 mil pessoas.
Com base nas amostras de sangue, em avaliações médicas e entrevistas, o Elsa concentra informações sobre o estado de saúde, os hábitos de vida e as ocupações dos indivíduos, ao passo que o DNA do Brasil realiza o cruzamento desses dados com o genoma de cada um dos participantes da pesquisa.
Todos os sequenciamentos são realizados em laboratórios da Dasa. A empresa investiu 6 milhões de reais em infraestrutura e forneceu os primeiros 3 mil testes, em iniciativa social, pensando no bem-estar das pessoas beneficiadas pelo projeto. Os dados produzidos são armazenados pelo Google Cloud.
Benefícios para a sociedade
Qualquer cientista ou pesquisador do mundo todo pode apresentar um projeto e utilizar essa inédita base de dados genéticos. O projeto abre portas para diferentes tipos de pesquisas. Por exemplo, a equipe da pesquisadora Lygia da Veiga estuda variantes do DNA associadas a diabetes e hipertensão, que ajudariam a prevenir, diagnosticar e criar novos tratamentos para essas doenças.
Para além do setor de saúde, o projeto DNA do Brasil visa a recuperar parte da história nacional cruzando as informações genéticas com eventos históricos, para entender melhor o processo de miscigenação do país.