Com o aumento da demanda do uso de materiais para proteção da equipe hospitalar, os itens foram substituídos por opções reutilizáveis em uma iniciativa sustentável, implantada no início da pandemia.

Diante do agravamento da pandemia, em março de 2020, ocorreu uma alta na demanda por itens de proteção hospitalar, conhecidos como EPIs (equipamentos de proteção individual): aventais, luvas e máscaras. No Hospital 9 de Julho, em São Paulo, a busca por uma solução para o desabastecimento acabou se tornando uma aliada na redução do impacto ambiental causado pelo descarte dos itens.

Segundo a direção do hospital, o material passa por um processo de impermeabilização para garantir a segurança e permitir o reúso. O ciclo de reutilização das peças e as higienizações – realizadas na lavanderia hospitalar – é monitorado pelo time de governança por meio de um chip de rastreamento individual. Até fevereiro de 2022, o monitoramento aponta que foi evitado o descarte de 1.782.021 aventais.

“São aventais de uso único que eram utilizados por cada pessoa que entrava no quarto de um paciente em isolamento. Substituímos esses itens pelo avental hidro-repelente”, afirma Vitor Silva, coordenador de governança e hotelaria do Hospital 9 de Julho. “Descobrimos que os aventais reutilizáveis são mais eficientes e mais seguros que os descartáveis. A equipe de enfermagem se sente mais confortável porque o tecido não rasga”, disse.

Cenário de descarte de itens hospitalares no Brasil

A pandemia fez crescer o descarte de resíduos hospitalares. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em fevereiro de 2022, o aumento provocou uma pressão sobre os sistemas de gerenciamento de resíduos de saúde em todo o mundo.

Com base em estimativas de aproximadamente 87 mil toneladas de EPIs, que foram adquiridos entre março de 2020 e novembro de 2021 para apoiar os países em resposta à Covid-19 por meio de uma iniciativa conjunta da Organização das Nações Unidas (ONU), a maior parte destes equipamentos acabou como lixo — o que ameaça a saúde humana e expõe a necessidade de melhorias nas práticas de descarte e processamento dos materiais.

Nesse cenário, a iniciativa do Hospital Nove de Julho é modelo de sustentabilidade e gestão de resíduos: “Comecei a receber ligações de pessoas do Brasil todo, que trabalham na mesma área que eu, querendo saber quem era o fornecedor e entender o modelo de gestão,” conclui o porta-voz.