Alta de casos está diretamente relacionada às consequências do aquecimento global

Os impactos decorrentes das mudanças climáticas já estão presentes em todo o planeta. As altas temperaturas globais afetam os padrões de circulação atmosférica, impactando a distribuição e intensidade das chuvas em diferentes regiões do mundo. Além disso, a evaporação da água dos oceanos ainda leva a um aumento na umidade atmosférica e, consequentemente, tempestades e enchentes ficam cada vez mais frequentes.

Quanto mais umidade nas áreas propícias à reprodução de mosquitos, devido às chuvas mais frequentes e intensas, maiores são as chances de reprodução dos transmissores da dengue, por exemplo. Além disso, as enchentes resultantes desses eventos de precipitação extrema podem criar poças de água que ficam estagnadas, ambientes ideais para a reprodução dos vetores de doenças tropicais.

Um estudo publicado na revista PLoS Neglected Tropical Diseases, intitulado “Impact of Environmental Factors on Neglected Emerging Arboviral Diseases”, explica que o ciclo de vida dos vetores, reservatórios e hospedeiros de doenças tropicais está diretamente ligado à dinâmica dos ecossistemas e às variáveis de clima. Isso significa que o mosquito transmissor da dengue, por exemplo, necessita de certas condições climáticas – no caso, alta umidade e temperaturas quentes – para se multiplicar.

Em março de 2024, o Brasil já ultrapassou 2 milhões de casos de dengue, segundo o Ministério da Saúde. Como referência, durante o mesmo mês em 2023, foram contabilizados 381 mil casos, entre confirmados e prováveis. Este ano, apenas em março já são 714 mil casos. A previsão do órgão é de que o país registre 4,2 milhões de ocorrências neste ano.

A relação entre as alterações climáticas e o aumento de casos de malária, chikungunya, doença de Chagas, esquistossomose e leishmaniose foi detectada por um estudo de revisão literária citado no livro “Saúde em Foco: Temas Contemporâneos” (Editora Científica, 2020). O levantamento mostra uma constância nos registros ao longo do ano. No entanto, o resultado esperado era uma maior transmissão durante as estações mais quentes e uma diminuição significativa durante as frias.

Esse é um dos indicativos da associação entre as consequências do aquecimento global e a alta nos casos das patologias mencionadas.

 

Enfrentar a crise climática é cuidar da saúde humana

Um trabalho divulgado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) analisou os efeitos do aumento dos casos de dengue na economia brasileira. Conforme os dados apresentados, seis em cada dez infectados são trabalhadores.

Segundo a pesquisa, o Brasil corre o risco de enfrentar uma redução de até R$ 7 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) devido à diminuição da produtividade ocasionada pelos impactos dessas enfermidades.

Além disso, estima-se que os gastos com tratamento possam chegar a R$ 5,2 bilhões. O estudo aborda as três doenças transmitidas pelo mosquito: dengue, zika e chikungunya, considerando um cenário previsto com 4,2 milhões de casos no país.

 

 

Referências:

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/o-que-e-o-aquecimento-global

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2022/04/como-atividade-humana-altera-ciclos-de-chuvas-e-secas-na-amazonia

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/arboviroses/informe-semanal/coe-dengue-informe-02-led_.pdf

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-03/brasil-registra-mais-de-2-milhoes-de-casos-de-dengue

https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/02/09/detalhamento-vacina-dengue-ministerio-da-saude.ghtml

http://journals.plos.org/plosntds/article?id=10.1371/journal.pntd.0005959

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/estudo-alerta-que-aumento-de-casos-de-dengue-pode-provocar-queda-de-r-7-bilhoes-no-pib/

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2022/10/mudanca-climatica-o-que-e-como-e-causada-e-o-que-voce-pode-fazer-para-reverte-la