A terapia CAR-T Cell utiliza os linfócitos T, que compõem o sistema imunológico e que, ao serem geneticamente modificados, tornam-se mais ativos contra as neoplasias do sangue. É um medicamento totalmente individualizado e personalizado.
O que é CAR-T Cell?
A terapia com células CAR-T consiste em um medicamento preparado com as células de defesa (linfócitos T) extraídas do paciente e modificadas em laboratório para que, ao serem devolvidas para o paciente, possam combater o câncer.
Essa é uma abordagem revolucionária que tem se mostrado muito eficiente contra diferentes tipos de câncer do sangue e do sistema linfático.
Como o CAR-T Cell funciona?
Inicialmente, o paciente faz a coleta das próprias células T, por meio de uma máquina – semelhante ao equipamento de hemodiálise – capaz de separar os linfócitos em uma bolsa. Esses são congelados e enviados para o laboratório da Novartis, nos Estados Unidos, onde passam a fabricar receptores de antígenos quiméricos específicos que vão reagir contra as células do tumor.
As células são modificadas geneticamente e têm sua função potencializada, de modo que passam a ter um alvo (o antígeno CD19) para atacar nas células malignas no organismo, fazendo com que elas voltem a serem capazes de ‘enxergar’ e destruir o câncer.
Após a manufatura (modificação genética do linfócito T), o material retorna em formato de medicamento injetável e é infundido – processo semelhante a uma transfusão de sangue. A partir de então, seguem-se os cuidados para monitorar a toxicidade ao tratamento e posterior resposta.
O CAR-T Cell está disponível no Brasil?
No Brasil, o CAR-T Cell foi aprovado pela ANVISA para patologias como leucemia linfoblástica aguda em pacientes de até 25 anos e linfomas difusos de grandes células B em pacientes adultos.
No entanto, a terapia requer uma qualificação específica, de acordo com as resoluções da ANVISA e da Novartis. Fatores como experiência, protocolos internos alinhados, excelência do corpo clínico, infraestrutura e modernidade, são analisados.
De acordo com Rogério Reis, diretor-geral do Complexo Hospitalar de Niterói, a reação imunológica desencadeada com a infusão das células, exige uma monitorização rigorosa, e uma equipe multidisciplinar precisa ser treinada especificamente para o cuidado desses pacientes em uma área dedicada, com infraestrutura completa. Nesse ponto, poucos centros no Brasil foram habilitados para oferecer a terapia com célula CAR-T.
No dia 9 de janeiro, o Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), localizado em Niterói, realizou, de forma pioneira no país, a 1ª infusão de um medicamento de células CAR-T.
“É um orgulho realizar, pela primeira vez no Brasil, após a aprovação dos órgãos regulatórios, uma técnica desse porte tecnológico e de inovação que inicia uma nova era no tratamento oncológico no país”, comenta Celso Arrais, head de hematologia na Dasa Oncologia.
Acessibilidade
Segundo a Novartis, laboratório responsável pela fabricação e comercialização do medicamento com as células CAR-T, a empresa está em constante diálogo com a comunidade de pacientes e os demais atores do sistema de saúde, com o compromisso de avançar e apoiar o acesso a esse tipo de terapia, juntamente com os órgãos competentes da saúde pública e suplementar, a sociedade médica, os centros de excelência e as associações de pacientes, contribuindo para a sustentabilidade do sistema de saúde e a acessibilidade a inovações.
O medicamento de células CAR-T da Novartis, aprovado pela Anvisa e que agora chega ao mercado, é um infusional oncológico e, por isso, possui cobertura obrigatória pelas operadoras de saúde que são regulamentadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).