Uma discussão sobre healthtech pouco tida é aquela que inverte a questão: será que tecnologia afeta a saúde?
O site Vox fez esta pergunta a onze especialistas. Muitos dos maiores sites têm, entre seus funcionários, psicólogos e antropólogos cujo trabalho é atrair e manter a atenção. Smartphones são construídos com os mesmos objetivos — máquinas de distração. E, nos EUA, já é comum crianças ganharem seus próprios celulares aos 10.
“Minha maior preocupação é o aumento da distração”, diz Richard Davidson, neurocientista da Universidade de Wisconsin Madison. “Nossa atenção está sendo capturada por aparelhos e perdemos a capacidade de regulá-la voluntariamente. Esta habilidade de regular a atenção é mais desenvolvida em humanos do que em outras espécies, mas estamos sendo incapacitados nisso em nível global.”
Cristopher Burr, especialista em ciência cognitiva de Oxford, se preocupa com empresas sem tradição em saúde que desenvolvem instrumentos para saúde. “Não estamos prestando atenção o suficiente nessas tecnologias de ‘saúde e bem-estar’. Empresas estão, por exemplo, mexendo em nossos padrões de sono, humor ou preferências de dieta que podem causar dano.”
As preocupações, é importante dizer, derivam de intuição baseada no que os especialistas conhecem. Ainda não há resultados científicos que possam afirmar com certeza que existe, por exemplo, impacto positivo ou negativo das tecnologias digitais em nossa capacidade intelectual.
Mas, se há um ponto no qual todos concordam é com quem ainda está com o cérebro em formação. “Nós temos percebido problema de sono e atenção em adolescentes”, afirma Susanne Baumgartner, da Universidade de Amsterdã. “Mas hesito em falar que mídias digitais prejudicam o desenvolvimento cognitivo. Não podemos esquecer que também há efeitos benéficos. Há estudos, por exemplo, que mostram que jogar games de ação, por exemplo, melhora habilidades cognitivas.