Agendar Consulta

 

As doenças cardiovasculares (DCV) continuam a representar a primeira causa de mortalidade nos países ocidentais. Nas últimas décadas grandes avanços em diagnóstico e terapêutica tem contribuído para sua redução. Porém, sem dúvida, a identificação e o controle dos fatores de risco para as DCV representam as mais importantes estratégias para o seu controle.

Em 2010 a American Heart Association cunhou o conceito de “saúde cardiovascular ideal”, que se refere à ausência de doença cardiovascular, presença de hábitos saudáveis e fatores de risco controlados.

Quais fatores de risco estão relacionados a problemas cardiovasculares?

Os fatores de risco principais para as DCV são tabagismo, colesterol elevado, diabetes mellitus, hipertensão arterial, história familiar (genética), sedentarismo, obesidade/síndrome metabólica, estresse e depressão.

Quando consideramos as diferentes faixas etárias, em mais jovens os principais fatores de risco são história familiar, tabagismo, colesterol elevado (é recomendado medir colesterol em filhos de pais com colesterol elevado). No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, aproximadamente 20% das crianças e adolescentes tem colesterol elevado.

Nos idosos, a hipertensão arterial tem um papel mais importante do que os demais fatores de risco. Em mulheres a hipertensão tem papel importante, assim como a menopausa, principalmente a menopausa precoce (cirúrgica), além do uso de tabaco e o diabetes mellitus.

Hipertensão arterial

A hipertensão arterial (PA > 140 x 90 mmHg) é o principal fator de risco para as DCV. Sua prevalência é bastante elevada e aumenta progressivamente com a idade. Apesar da facilidade de sua identificação, infelizmente, por ser um fator de risco silencioso, ainda nos dias de hoje, é inadequadamente diagnosticado e controlado. É o fator de risco mais importante tanto para infarto do miocárdio quanto para acidente vascular cerebral.

Colesterol elevado

As alterações nos níveis de colesterol, especialmente o chamado colesterol ruim (LDL), são a segunda causa mais importante para o desenvolvimento de graves doenças cardiovasculares, como a doença arterial coronariana, que pode levar ao infarto agudo do miocárdio e morte.  É importante lembrar que além do LDL-colesterol, a lipoproteína (a) tem se mostrado bastante aterogênicia.

Tabagismo

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. Está associado a aumento de mortalidade por diversos tipos de câncer (pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, bexiga, rim, colo do útero e leucemia mieloide aguda), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença coronariana, hipertensão arterial e acidente vascular encefálico.

O fumante está sujeito à mortalidade por todas essas doenças, mas o simples fato de ser exposto à fumaça de produtos de tabaco contribui para o desenvolvimento ou agravamento de diversas outras doenças.

Obesidade abdominal

Mais do que uma questão de estética, manter a cintura fina é uma questão de saúde. A gordura que fica armazenada na cintura é um sinal da existência de gordura visceral, que também está envolvendo os órgãos internos. E essa é a gordura que produz substâncias nocivas para a saúde do coração e vasos, aumenta o colesterol e triglicérides e predispõe ao diabetes. Este estoque abdominal de gordura, também pode migrar para o fígado causando a esteatose hepática.

O IMC é um método simples de medir e determinar o grau de obesidade. Ele é calculado dividindo-se o peso (em Kg) pela altura em metros elevada ao quadrado. O valor entre 18,5 a 25 é o ideal, sendo que acima de 30 é considerado obesidade. Embora muito utilizado, estudos recentes demonstraram que o índice de massa corpórea (IMC) tem limitações para medir o grau de adiposidade.

Por isso, outros métodos podem ser utilizados. A medida da circunferência abdominal com uma fita métrica pode ajudar muito. Valores acima de 102 cm em homens são um sinal forte da presença de gordura visceral.

Apesar disso, a gordura visceral pode ser eliminada com uma dieta balanceada e com exercícios. Pequenas reduções no peso (a partir de 5%) já podem ter um grande impacto na redução desse tipo de gordura, reduzindo o risco de DCV.

Diabetes e síndrome metabólica

O diabetes é um reconhecido fator de risco para as DCVs e o seu tratamento reduz significantemente suas consequências. O diabetes tipo 2 é o mais comum e muitas vezes faz parte da síndrome metabólica, que pode ser caracterizada como um conjunto de fatores de risco que somados aumentam a chance de eventos cardíacos. Segundo os critérios brasileiros, a síndrome metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco critérios abaixo:

  • Obesidade central: circunferência da cintura superior ou igual a 88 cm na mulher e 102 cm no homem
  • Hipertensão Arterial: pressão arterial sistólica maior ou igual a 130 mmHg e/ou pressão arterial diatólica maior ou igual a 85 mmHg
  • Glicemia alterada (glicemia de jejum superior ou igual a 110 mg/dl) ou diagnóstico de diabetes
  • Triglicerídeos > 150 mg/dl;
  • HDL colesterol < 40 mg/dl em homens e < 50 mg/dl em mulheres

Depressão

A depressão hoje é reconhecida como um fator de risco para DCV, tanto o infarto quanto o acidente vascular cerebral. Estudos mostram que depressão acelera o processo de aterosclerose. Por outro lado, o otimismo é um grande aliado para evitar problemas cardíacos.

A saúde cardiovascular depende da identificação precoce de fatores de risco para as DCV, permitindo que intervenções em estilo de vida ou eventualmente farmacológicas possam ser adotadas.

 

Agendar Consulta

 

 

Referências

Brandão AP, Brandão AA, Nogueira AR, et al. I Diretirz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Arq Bras Cardiol 2005; 84: suppl I.

Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Knowing Your Risk for High Cholesterol. Disponível em: https://www.cdc.gov/cholesterol/risk_factors.htm Acesso em outubro de 2021.

Kris-Etherton PM et al Strategies for promotion of a healthy lifestyle in clinical settings: pillars of ideal cardiovascular health: a science advisory from the American Heart Association. Circulation. 2021;144.

Virani SS, Alonso A, Aparicio HJ, et al; on behalf of the American Heart Association Council on Epidemiology and Prevention Statistics Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Heart disease and stroke statistics - 2021 update: a report from the American Heart Association. Circulation. 2021;143:e254–e743.