Você sabe por que o Coronavírus é sindemia e não uma pandemia?

O que é sindemia?

Sindemia é o conjunto de problemas de saúde interligados, envolvendo duas ou mais complicações que se interagem de maneira sinérgica e contribuem para a carga excessiva de doenças em uma população.

O antropólogo e médico americano Merrill Singer explicou na década de 1990 que sindemia é uma situação em que duas ou mais doenças interagem de tal forma que causam danos maiores do que a mera soma dessas duas doenças.

A sindemia é a caracterização de interações biológicas, sociais e econômicas entre a população. Essas interações aumentam a suscetibilidade de uma pessoa prejudicar ou piorar seu estado de saúde, o que faz com que essa interação não seja apenas a comorbidade em si.

Sindemia ou pandemia? Por que a mudança do termo?

A transmissão do Coronavírus acontece de pessoa para pessoa, porém o número de indivíduos que vivem com doenças crônicas não transmissíveis está aumentando cada vez mais. No caso da COVID-19, é preciso abordar os fatores de risco como a hipertensão, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas e câncer, o que englobaria o aspecto social e não apenas a COVID-19 em si, sendo assim considerado uma sindemia.

Atentar-se às doenças crônicas não transmissíveis não é uma tarefa apenas para nações com maiores condições financeiras, pois também é uma causa negligenciada de problemas de saúde nos países mais pobres.

Para reduzir os casos de morte por COVID-19, deverá ter a disponibilidade de intervenções sociais e econômicas durante a próxima década, o que poderia evitar quase 5 milhões de mortes entre as pessoas mais pobres do mundo.

O que essa afirmação muda no tratamento de coronavírus?

O artigo publicado pelo The Lancet explica que, ao menos que os governos elaborem políticas e programas para reverter as desigualdades, nossas sociedades nunca estarão verdadeiramente protegidas da COVID-19.

Merrill Singer relatou que uma abordagem sindêmica fornece uma orientação muito diferente para a medicina clínica e saúde pública, mostrando como uma abordagem integrada para entender e tratar doenças pode ser mais bem sucedida do que apenas controlar doenças epidêmicas ou tratar pacientes individuais.

O objetivo do tratamento agora deve ser abordar o COVID-19 como uma sindemia, o que irá possibilitar uma visão mais ampla, abrangendo educação, emprego, habitação, alimentação e meio ambiente.

Veja também: transmissão aérea do Coronavírus.

Fonte: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)32000-6/fulltext