Liderado pela Prof. Lygia da Veiga Pereira, da USP, projeto DNA do Brasil vai gerar conhecimento sobre características genéticas que podem transformar a saúde dos brasileiros.
10 de dezembro de 2019 é um novo marco na história da ciência brasileira. O lançamento do projeto DNA do Brasil, maior empreitada científica nacional, coloca o país no mapa da genômica mundial. Liderada pela Profa. Lygia da Veiga Pereira, da Universidade de São Paulo, em parceria com a Dasa, maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina, e com a plataforma de computação em nuvem Google Cloud, a iniciativa tem como objetivo desvendar o DNA e montar um banco com dados genéticos da população brasileira.
“O DNA do Brasil dá início a uma nova fase dos estudos nacionais e globais sobre genômica. Vamos gerar informações sobre características genéticas que podem impactar diretamente na saúde da população”, afirma a Profa Lygia, que é cientista da USP. Até o momento, menos de 0,5% das pesquisas realizadas no mundo contemplaram a população brasileira.
A Dasa fará o sequenciamento das amostras no Nova Seq, equipamento que sequencia o genoma humano em até 24 horas, disponível em seu Centro de Diagnóstico em Genômica, inaugurado em junho deste ano, com investimentos da ordem de R$ 60 milhões. O centro que processa os exames genéticos de mais de 800 laboratórios da empresa em todo o Brasil dispõe de geneticistas especialistas em onco, cardio, neurogenética, entre outras áreas.
“Nossa participação nesse projeto está totalmente alinhada com o propósito da companhia de transformar a saúde da população brasileira por meio da medicina de precisão, e reforça a estratégia da interação entre as iniciativas pública e privada para o fomento da pesquisa científica brasileira”, afirma o presidente do Conselho da Dasa, Romeu Domingues.
O DNA do Brasil conta, ainda, com o apoio da Illumina, que fornecerá os insumos utilizados no sequenciamento das amostras. O Google Cloud, por sua vez, vai processar os dados de sequenciamento em sua nuvem, permitindo análises e cruzamento de dados em escala por meio de ferramentas de analytics e machine learning. “Nossa nuvem permite processar dados genômicos em grandes volumes, possibilitando o uso de recursos de análise avançada e os mais altos níveis de segurança de dados que projetos dessa magnitude demandam”, comenta João Bolonha, diretor de Google Cloud para o Brasil. Com o uso da nuvem de Google Cloud, o custo de processamento necessário para o projeto DNA Brasil cairá 90%, quando comparado ao uso de infraestrutura própria de data center (on-premise).
Integração de dados clínicos e genéticos
O DNA do Brasil terá início com o sequenciamento do genoma de 15 mil brasileiros de diversas regiões do país, que têm idades entre 35 e 74 anos, integrantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA Brasil), a maior pesquisa epidemiológica do país, financiada pelos Ministérios da Saúde e CTIC. O grupo tem sido acompanhado clinicamente desde 2008 e agora as informações genéticas serão agregadas a esse banco de dados.
À frente do ELSA Brasil em São Paulo está o Prof. Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da USP, que reitera que “o projeto permitiu destacar as doenças cardiovasculares e diabetes na agenda da pesquisa epidemi- ológica no país. E, esse novo passo a ser dado com o DNA do Brasil nos permitirá contribuir ainda mais para a saúde da população”. Também integram o ELSA Brasil as Universidades Federal da Bahia, do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e a Fiocruz (RJ).