Startup Hisnek cria o IVI (Inteligência Virtual Interativa), aplicativo que engaja os colaboradores para os cuidados com a saúde, de forma personalizada, de acordo com o que as pessoas declaram estar sentindo

Até 2020, a depressão deve ser a maior causa de afastamento do trabalho, prevê a Organização Mundial da Saúde (OMS). A partir de 2022, a síndrome de Burnout passa a fazer parte da lista de doenças (CID) da OMS. Crescem os custos dos planos de saúde de funcionários. E os departamentos de Recursos Humanos, em geral enxutos, são pressionados para assumir o papel de novos agentes de prevenção no sistema de saúde. Essa é uma nova “dor” do mercado que Carolina Dassie, fundadora e CEO da startup Hisnek, teve a sensibilidade de observar, com um olhar criativo.

Desde 2014, a startup mantinha parcerias com RHs para que os funcionários pudessem comprar lanches saudáveis a preços acessíveis e, em 2017, incluiu a orientação nutricional. Mas era preciso fazer mais para sensibilizar as pessoas para o autocuidado. Em março de 2019, desenvolveu a IVI - Inteligência Virtual Interativa -, uma solução de inteligência artificial que entrega conteúdos e orientações de forma customizada, de acordo com o que cada usuário declara estar sentindo. São três pilares de prevenção: mental; atividade física; e nutrição e alimentação – neste caso, além dos conteúdos, são oferecidos orientação nutricional e os lanches, único produto pago.

A demanda era tão urgente que, quando ouviram a ideia de Carolina, todas as empresas clientes concordaram em migrar os serviços de lanches para o cuidado virtual, sob o mesmo custo. Lançada há algumas semanas, a IVI já cuida digitalmente de cerca de 80 mil vidas, por meio de 10 empresas com 100 a 10 mil funcionários. “Já enquadradas na LGPD, a Lei Geral de Proteção dos Dados, que entra em vigor em 2020, as informações são disponibilizadas para o RH de forma clusterizada para poderem atuar na atenção primária de forma efetiva e em pontos críticos”, explica Carolina.

Além dos dados que sinalizam a necessidade de ação específica, como o sedentarismo, os gestores acompanham a evolução do índice de felicidade versus nível de absenteísmo. É uma forma objetiva de mostrar efetividade, conta Carolina, pois eles percebem que as pessoas tendem a faltar menos quando se sentem mais felizes. É também uma forma personalizada e segura de o RH oferecer recursos próprios, como os EAPs (Employee Assistance Program) com psicólogos. Por exemplo, uma pessoa sentindo angústia intensa há muitos dias é indicada a conversar com esse profissional da empresa. Como parte de uma das estratégias de gamificação, os usuários acompanham virtualmente o crescimento de uma plantinha saudável, que depois se torna uma muda no mundo real.

A IVI acaba de nascer e já está ganhando novas aplicações. A Hisnek fez uma parceria com o hemocentro do Hospital São Lucas, que atende a região do ABC paulista, para acompanhar um grupo de 10 mil pacientes da oncologia, entre adultos e crianças. Neste caso, as informações de como as pessoas se sentem vão direto para o prontuário médico e ajudam a regular as doses das medicações. “Se a gente conseguir validar a ideia, vamos levar a outros centros oncológicos”, reforça Carolina, com a alegria de quem reconhece o valor de o paciente saber que está sendo cuidado de forma individualizada. Uma pesquisa conduzida nos Estados Unidos analisou um grupo de pacientes oncológicos com e sem assistência remota e observou uma sobrevida de seis meses para os indivíduos que possuíam acompanhamento, mesmo que não interagissem com o recurso.

A vivência no Cubo contribuiu para o desenvolvimento acelerado da startup. “Certamente a nossa jornada teria sido muito mais difícil, aqui a gente aprende com quem já passou e aprendeu com cada novo passo que vamos dar”, conta a CEO, Carolina. Até 2020, a perspectiva é ganhar mais mercado, com uma meta de triplicar para 30 empresas clientes. Em setembro, 12, a Hisnek foi o centro das discussões do 7º Meetup CuboHealth, que conta com a curadoria da Dasa. A ideia de Carolina é realizar encontros desse tipo a cada dois meses para sensibilizar as empresas a investirem na saúde dos funcionários.

Proposta de valor da Hisnek

Problema

Departamentos de Recursos Humanos estão pagando altas despesas de planos de saúde de funcionários e lidando com o crescente afastamento de colaboradores por cansaço mental e questões relacionadas à saúde.

Solução
Aplicativo engaja os colaboradores a cuidar da saúde por meio de orientações totalmente personalizadas e estratégias de gamificação. Após o preenchimento dos dados básicos, que pode ser presencial no caso das fábricas, o usuário adiciona poucas informações, especialmente como está se sentindo, para receber conteúdos personalizados via inteligência artificial.

Resultados
Investir em saúde é mais barato do que tratar doenças. O RH acompanha o índice de felicidade x absenteísmo, reduz os custos com planos de saúde e tem em mãos os dados para tomar ações preventivas assertivas.